Piauí está atraindo grandes investimentos privados para o setor agroindustrial, com a expectativa de impulsionar a economia local e gerar milhares de empregos. Conforme informações apuradas pelo Piauí Negócios, os investimentos previstos para serem realizados até 2027 somam cerca de R$ 4,6 bilhões e deverão gerar cerca de 5.570 empregos diretos em oito projetos agroindustriais.

Em uma visita a várias cidades do sul do estado, o vice-presidente de Desenvolvimento Rural Sustentável da Investe Piauí, Ícaro Carvalho, acompanhou de perto os projetos em andamento. De acordo com ele, o objetivo dos investimentos é verticalizar a cadeia de produção agropecuária.

“O Piauí tem se destacado pelo seu potencial agropecuário, especialmente quando falamos do Matopiba, a última fronteira agrícola de relevância no país. Estamos entrando em uma fase de agregação de valor para, de fato, verticalizar nossa cadeia e trazer agroindústrias. Com isso, estamos recebendo investimentos de produtores que já atuavam na região e de pessoas de outros estados que viram o potencial de crescimento do Piaui”, explica Carvalho.

Imagem: Divulgação/ Piauí Negócios

Dentre os investimentos destaques está o do Grupo Agro Fritzen, que está investindo R$ 52,5 milhões na construção de uma algodoeira em uma de suas fazendas em Bom Jesus. A expectativa é gerar 70 empregos diretos, e a inauguração da unidade está prevista para julho de 2025.

“Eles produzem soja, milho e algodão na região há um bom tempo e agora estão na fase de verticalizar a cadeia e agregar valor à produção. Em uma das fazendas que já trabalham, estão construindo uma nova algodoeira, que vai gerar empregos e beneficiar outras fazendas da região”, comenta.

Outro investimento é o do Grupo AZN, que está desenvolvendo um projeto de irrigação em Baixa Grande do Ribeiro, com o objetivo de irrigar aproximadamente 7 mil hectares inicialmente. Este projeto, considerado inovador no Piauí, visa diversificar a produção agrícola, que até então dependia da chuva, para um modelo de irrigação mais eficiente. Serão investidos R$ 210 milhões.

“A fazenda já produz uma boa quantidade de soja e agora está investindo na irrigação, algo novo para o estado. Antes, a produção de grãos no Piauí dependia quase totalmente das chuvas, pois havia a ideia de que o estado não tinha condições para irrigação. Mas desde que o Grupo Franciosi iniciou esse tipo de cultivo no ano passado, muitos outros projetos começaram a surgir. Com a irrigação, a produtividade cresce, é possível produzir o ano inteiro, gerando mais empregos e trazendo novas tecnologias, o que faz toda a diferença”, afirma Ícaro Carvalho.

Os investimentos estão sendo feitos principalmente em fazendas na região do Cerrado.

Ainda em Baixa Grande do Ribeiro, o Grupo Franciosi, por sua vez, tem dois projetos em andamento. O primeiro é uma algodoeira, inaugurada recentemente, que recebeu um investimento de R$ 60 milhões e tem como foco a produção de algodão de alta qualidade. O segundo é um projeto de irrigação, previsto para entrar em operação em 2026, com a instalação de 4.500 hectares de sistema irrigado. A iniciativa de R$ 240 milhões deve impulsionar a produção de algodão na fazenda em Baixa Grande do Ribeiro, aumentando a produtividade e gerando novos empregos na região.

A cidade de Uruçuí será sede de duas novas usinas: uma usina de etanol de milho, do Grupo Brasbio em parceria com o Grupo Progresso; e uma nova indústria do Grupo Nutriza.

No caso da usina de etanol de milho, o empreendimento, que totaliza um investimento de R$ 1,18 bilhão, já está em andamento, com a terraplanagem concluída e as obras civis previstas para começarem em março de 2025. A operação da usina deve iniciar em maio de 2026. “Esse investimento vai gerar emprego de qualidade na região, além de fortalecer a economia”, diz Carvalho.

Já o Grupo Nutriza, conhecido pela marca Friato, está expandindo sua operação com a construção de um frigorífico de aves que conta com investimentos de R$ 2.1 bilhões. A empresa, que atualmente opera em Goiás, trouxe o projeto para o Piauí devido ao grande potencial de produção. O investimento inicial é de grande porte (R$ 2,1 bilhões) e deverá gerar 4.500 empregos diretos.

“O grupo já tem uma marca consolidada no mercado e está trazendo essa fábrica para o Piauí. A construção deve começar ainda neste mês. Serão dois anos de obra, e a expectativa é que o frigorífico seja concluído até 2027. Esse empreendimento tem o potencial de revolucionar não só a cidade de Uruçuí, mas também toda a região sul do estado”, aponta o vice-presidente.

Em Ribeiro Gonçalves, está em construção o Frigorífico Piauhy, especializado no abate de bovinos, com um investimento de R$ 150 milhões. O empreendimento deverá gerar de 450 a 500 empregos diretos, com previsão de início das operações para maio de 2026. Este projeto marcará a inauguração do primeiro frigorífico de bovinos do estado.

Local recebeu cerca de R$150 milhões em investimentos.

No município de Cristino Castro, está em andamento o projeto Vale do Gurguéia, voltado para o setor de laticínios. O projeto, com investimento de R$ 234 milhões, está atualmente na fase de captação de financiamento e elaboração de planos para a instalação do laticínio na região. O local foi um dos visitados pelo vice-presidente de Desenvolvimento Rural Sustentável.

“Este é um projeto que terá um grande impacto social, pois foi criado um cadastro de produtores locais para que possam fornecer leite. A compra desse leite vai beneficiar diretamente centenas de famílias da região”, destaca.

Em Cristino Castro, está em andamento o projeto Vale do Gurguéia, voltado para o setor de laticínios.

Investimentos privados chegam com intermediação da Investe Piauí

Segundo Ícaro Carvalho, a Investe Piauí possui um papel fundamental na identificação e resolução dos desafios enfrentados por empresas que desejam investir no estado. Como braço econômico do governo, a entidade atua como intermediária entre o setor privado e os diversos órgãos do governo estadual, buscando facilitar a implementação de projetos que beneficiem a economia local.

A função principal da agência é captar e apoiar os investimentos, por meio de assessoria para resolver demandas específicas das empresas, como questões ambientais, incentivos fiscais, regulação fundiária, infraestrutura e a qualificação da mão de obra. Isso garante que, além de atrair investimentos, o Piauí esteja preparado para atender as necessidades dessas empresas.

“Nosso papel é identificar quais projetos são prioritários ao governo e proporcionar a viabilização desses negócios por meio do diálogo entre empreendedores e poder público. A ideia é que cheguem cada vez mais novos projetos”, finaliza.

Confira os principais investimentos privados no setor agroindustrial do Piauí:

• Algodoeira do Grupo Agro Fritzen (Bom Jesus): Investimento de R$ 52,5 milhões na construção da unidade, com previsão de gerar 70 empregos diretos até julho de 2025.
• Projeto de Irrigação do Grupo AZN (Baixa Grande do Ribeiro): Expansão para irrigar 7 mil hectares, com foco na diversificação da produção agrícola. O investimento é de R$ 210 milhões.
• Algodoeira do Grupo Franciosi (Baixa Grande do Ribeiro): Construção da unidade com investimento de R$ 60 milhões, impulsionando a produção de algodão.
• Expansão da Irrigação do Grupo Franciosi (Baixa Grande do Ribeiro: Ampliação do projeto para aumentar a produtividade e gerar mais empregos na região, com investimento de R$ 210 milhões.
• Usina de Etanol de Milho do Grupo Brasbio/Progresso (Uruçuí): Investimento de R$ 1,18 bilhão, com previsão de início das operações em maio de 2026, fortalecendo a economia local e gerando empregos.
• Frigorífico de Aves do Grupo Nutriza (Uruçuí): Construção de uma unidade com investimento significativo e expectativa de gerar 4.500 empregos diretos até 2027, com investimentos de R$ 2,1 bilhões.
• Frigorífico Piauhy (Ribeiro Gonçalves): Investimento de R$ 150 milhões, com previsão de criar entre 450 e 500 empregos diretos até maio de 2026.
• Projeto Laticínio Vale do Gurguéia (Cristino Castro): Iniciativa voltada para o setor de laticínios, atualmente em fase de captação de financiamento e planejamento para a instalação da unidade. O projeto conta com investimento de R$ 234 milhões.