Há cerca de 10 anos, cidades que tinham os piores indicadores socioeconômicos do Piauí vêm recebendo instalações de usinas de energias renováveis. O cenário impulsionou a economia local, levando renda, emprego e influenciando o surgimento de outras empresas. E hoje em dia, os números impressionam.
O Piauí tem 22 empreendimentos de energias renováveis em 17 municípios (Foto: Auren Energia)
Segundo dados do IBGE, em Caldeirão Grande, município de apenas 5 mil habitantes no extremo sudeste do Piauí, a economia disparou após as primeiras usinas eólicas, em 2015 e 2016. Um levantamento feito pelo site Piauí Negócios mostra que o produto interno bruto (PIB) passou de R$ 27,2 milhões em 2011 para R$ 195 milhões em 2021, um crescimento de 615% no período. Isso levou a cidade a saltar de 141º para 47º no ranking dos maiores PIBs do Piauí.
Na mesma década, de acordo com o site, tiveram desempenhos surpreendentes outros quatro municípios com usinas de energia solar ou eólica, com base em seus PIBs; Simões (609%), Marcolândia (500%), João Costa (368%), São João (196%) e Curral Novo.
O Piauí tem em operação 22 empreendimentos eólicos e/ou solares localizados em 17 municípios. Desses, conforme levantamento do Piauí Negócios, 13 tinham em 2011 baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), indicador usado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para analisar a qualidade de vida da população. Nessas cidades pequenas e de economia fragilizada, grande parte da renda da população vem de agricultura de subsistência, de emprego público ou informalidade. Assim, a demanda de mão de obra após a chegada de usina traz benefícios, com emprego de maior salário, carteira assinada e consequentemente, aumento de renda
Parque eólico Chapada do Piauí, em Caldeirão Grande
Instalações em áreas subaproveitadas
Uma análise da Investe Piauí, agência de atração de investimentos do Governo do Estado, enumerou os benefícios da instalação dos parques de energia. Entre eles contratação de empresas da região para limpeza dos painéis solares, melhoria na infraestrutura local, como estradas, redes elétricas e telecomunicações e valorização imobiliária (veja gráfico).
Outro ganho dos parques para os municípios é o arrendamento de terrenos, quase todos de pequenos agricultores. “De uma maneira geral, nos locais que normalmente os projetos chegam, os terrenos são subaproveitados”, afirma Ricardo Castelo, vice-presidente de Energias Renováveis da Investe Piauí, agência de atração de investimentos do Governo do Estado.
Castelo acrescenta que o desenvolvimento dos projetos são muito direcionados para a região em que há um índice de desenvolvimento mais básico, como a região da caatinga, onde também estão os melhores índices de produção de energia solar e eólica.
“Aumenta os negócios, o PIB, a estrutura para a hospedagem, para a alimentação, eles melhoraram em cada um dos locais. E essa impacto positivo também ao longo do tempo”, finaliza o vice-presidente.
Ricardo Castelo Almeida, vice-presidente de Energias Renováveis da Investe Piauí